28 de setembro de 2010

Infância

Pegar uma fruta do pé, correr, brincar e ser feliz.
Lembro com saudades do que fui.
Saudades de uma época onde imaginava quem eu seria.

Quando me perguntavam:
"O que você vai ser quando crescer?"

Eu pensava comigo:
-Quero ser gente!

Isso porque eu sempre ouvia a minha mãe dizer:
"Minha filha vai ser gente, gente de bem."

Hoje, compreendo melhor o significado de tudo isso.
Gente pode ser sinônimo de humano.
Ser Humano.

Não sei se posso me considerar, tão fortemente, um ser humano.
Mas creio estar no caminho certo.

Ao olhar crianças brincando, me bate uma confusão.
Onde estão os pés descalços?
A roupa suja de rolar pelo chão?
Os cabelos bagunçados?
O jardim destruído pela brincadeira de cozinhar com lama!?
Onde está a simplicidade da infância?

Sempre soube que as crianças são mais sábias que "gente grande".
Por vezes são mais maduras que "gente grande".
Mas na minha época, éramos considerados assim pelo que falávamos e pensávamos.
Não pela roupa que usávamos.

Posso chegar à conclusão que a infância está entrando em extinção.
Ou os papéis estão sendo invertidos.
Me sinto mais criança do que elas, e o mundo me cobra cada vez mais o contrário.
Não me intimido, pois carrego em mim o doce sabor da fruta tirada do pé;
A gostosa sensação de liberdade ao me deparar com os cabelos voando;
E o simples exercício de viver com os pés no chão.

Portanto, não cobrem de mim o que não posso dar;
Não me cobrem preconceitos, trapaças ou guerra.
Continuo vendo o mundo com os mesmos olhos da infância.

Camila g.




12 de setembro de 2010

Loucura


Ferros retorcidos como uma folha de papel em mãos furiosas.
Sonhos arrastados pelas correntezas.

Filhos imersos nas profundezas do desespero.
E uma onda de silêncio invadindo mentes apavoradas.

Ao secar as lágrimas, o que resta é desilusão.
Faltam forças para reconstruir o que se foi.
E quem se foi?


É hora de fincar forças no solo para viver.

Com esperança.



Fotos e texto por Camila g.



5 de setembro de 2010

Tempo, como definir?

Cartas, planos e sonhos.
Pensamentos delirantes.
O tempo não pode ser definido por horas, minutos e afins.
Mas sim pelo coração.

Através dos seus disparos
Sorrisos e abraços.
Um cafuné simbolizando uma cumplicidade
O olhar reprimido e envergonhado...

Muitas vezes por abraços que nunca aconteceram
Por quedas que nunca levamos, ou por tombos inesquecíveis.

Planos, planos, sonhos, planos.

A distância percorrida pelo ponteiro muitas vezes se torna maior do que a estrada a ser explorada.
É o tempo ofuscado, que não funciona através de pilhas ou baterias;
Que não marca as horas retardadas;
Mas que dispara o alarme ao avistar, o amor.